Cada não dado por hora
é só o calor do vão do agora
é o não sei falado por ora
travestido de contraposição que agoura
mas muito de nada se vê ali fora
e aqui dentro onde mora
quero manter-me como tora
queimar-me na chama da aurora
beijar-lhe onde sei que adora
porque dali algum tempo do agora
um segundo, um minuto, uma hora
sem a raiva que me agoura
o aval te darei por ora
onde sei que razão não mora
onde sabia nada haver aqui fora
dura e inquebrável feito tora
quente e ofuscante como aurora
vem a nova verdade
vem a nova idéia
que sem você não teria
e agora não te tenho, queria
porém só me sobra
a idéia nova
colada na aurora
que nem em mim, nem em você
nem nela mesmo
mora
morre por ora
morre por agora
mas certamente não é ela
que agora
chora.
Henrique Sater – 9/6/2012