Sonhos

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jun 272012
 

“Mas não tem revolta não
Eu só quero que você se encontre
Saudade até que é bom
É melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom
Que eu tenho em mim, eu tenho sim
Não tem desespero não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz”

Peninha

Pesadelo

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jun 252012
 

Quando o muro separa uma ponte une
Se a vingança encara o remorso pune
Você vem me agarra, alguém vem me solta
Você vai na marra, ela um dia volta

E se a força é tua ela um dia é nossa
Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando
Que medo você tem de nós, olha aí

Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto

(…)

Maurício Tapajós / Paulo César Pinheiro

mosaicos de existência

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jun 132012
 

Duas costuras de mosaicos de existência
Ali repousavam lado a lado.

Sob estrutura vil, a primeira parecia regojizar-se
através de seu busto perfeitamente lapidado.
A música de Schubert acalmava-lhe os espíritos;
o óleo ainda fresco transparecia cores cuidadosamente escolhidas.
O grande caixão comportava seu pequenino corpo
Que os poucos dias não permitiram que se desenvolvesse
O grande cerimonial não comportava o pequenino espaço
Que os muitos músicos não permitiam que ninguém passasse.

Num minúsculo canto, a segunda parecia à vontade
através de suas rugas assimetricamente esculpidas.
O ruído daqueles instrumentos era deveras incômodo
um gigantesco quadro parecia um carnaval abstrato demais
O pequenino caixão mal comportava seu grande corpo
Que duros anos permitiram que perecesse.
O cerimonial ainda estava por existir no espaço
Que só três ônibus até lá permitiam que algum familiar chegasse.

Subitamente, um discurso se pronunciou.
“A vida é curta, a arte é longa” – dizia, um senhor bem vestido.
Olhando profundamente nos olhos dos presentes.
Prantos melancólicos e desesperados.

Do pequeno canto, o outro mosaico.
Sentia a vida dos presentes.
Procurando a arte que não sente.
Preso na memória dos por vir
Presos pelas amarras do presente.

Henrique Sater – 14/10/2010

Por ora

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jun 102012
 

 

Cada não dado por hora
é só o calor do vão do agora
é o não sei falado por ora
travestido de contraposição que agoura
mas muito de nada se vê ali fora
e aqui dentro onde mora
quero manter-me como tora
queimar-me na chama da aurora
beijar-lhe onde sei que adora
porque dali algum tempo do agora
um segundo, um minuto, uma hora
sem a raiva que me agoura
o aval te darei por ora
onde sei que razão não mora
onde sabia nada haver aqui fora
dura e inquebrável feito tora
quente e ofuscante como aurora
vem a nova verdade
vem a nova idéia
que sem você não teria
e agora não te tenho, queria
porém só me sobra
a idéia nova
colada na aurora
que nem em mim, nem em você
nem nela mesmo
mora
morre por ora
morre por agora
mas certamente não é ela
que agora
chora.

Henrique Sater – 9/6/2012

Diarréia

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jun 062012
 

Cago-me e nem mais sinto
Purgam-me e eu consinto.
Só peço que não seja mais com a ciência.

Que eu possa sentir o esterco
E não mais os íons dos slides

Não se incomodam que tanto churume
já não me deixe nem ouvir.

Contanto que meus olhos estejam abertos
e meu jaleco sem manchas de merda.

Henrique Sater – 04/09/2011

Fluoxetina

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jun 042012
 

Os olhos transbordam
e o horizonte distante
parece tão cinza
que os olhos verdes
transbordam distantes.

O mar que era verde
transborda de cinzas
e os olhos distantes
parecem tão cinzas
tão sem horizonte.

Os olhos já cinzas
e o mar no horizonte
ficam tão verdes
que o sorriso constante
nos olhos transbordam
a próxima dose
e o horizonte distante.

Henrique Sater – 14/9/2011

Vida Relógio

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maio 282012
 

Vida que escorre pelas mãos
chega ao ponteiro das horas
imiscui-se até o marco dos minutos
tece o registro frágil dos segundos
e debruça-se sobre cada estalada.

Até que zera e dispara seu alarme.

Tentam trocar-lhe a bateria
e disparar-lhe cada badalada.

Já não parece mais nada do que era
porém insistem em girar-lhe cada volta
dar-lhe das sessenta o minuto
e suspirar-lhe mais sessenta em uma hora.

Quando, já escorrido quase tudo,
foi-se o alarme, o alerta e a música
marca apenas segundo por segundo.

Henrique Sater (05 de janeiro de 2012)

Pouco

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maio 272012
 

Doze horas por dia sou médico
oito horas por dia sou sono
quatro horas que sobram sou pouco
pouco que discute mas não aplica
pouco que aplica e só estuda
pouco que estuda o que discute
mas pouco sente que algo muda.

Metade do dia que examino
meu âmago corrompe o olhar intruso
os óculos do normal escondo, mas uso
hoje doutor, outrora menino
se quebro a lente, então me entrego
não mais menino, adulto cego.

Doze horas por dia sou míope
oito horas por dia sou mudo
quatro horas que sobram sou louco
entre livros de outro tempo
e óculos deste mundo
empilhados no mesmo criado mudo.

Henrique Sater – 05/03/2012

Cautela

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maio 272012
 
(Millor)

Se não te cuidares o corpo
Cuida teu espírito torto
Que teu corpo jaz perfeito

Se não te cuidares o peito
Cuida teu olho absurdo
Que teu peito tomba morto
Diante de tudo

Se não te cuidares, cuidado
Com as armadilhas do ar
Qualquer solto som pode dar tudo errado

Paulo Cesar Pinheiro